As Conferências Episcopais das Igrejas de Língua Portuguesa realizaram vários encontros para proporcionar experiências de comunhão entre os vários países. Essa também foi a finalidade do 10º encontro, que aconteceu na diocese de Dili, no Timor Leste, entre os dias 6 e 10 de Setembro.
O evento aconteceu com apoio logístico da Conferência Episcopal de Timor, representado por dom Basilio Nascimento e dom Alberto Ricardo, e foi uma oportunidade para as igrejas partilharem preocupações pastorais e buscarem formas de cooperação eclesial.
Este evento contou com a presença de representantes de todas as Igrejas dos países língua portuguesa: Angola (dom Gabriel Mbilinge), Brasil (dom Pedro Brito), Cabo Verde (dom Arlindo Furtado), Guiné (dom Pedro Zilli), Moçambique (dom Francisco Chimolo), Portugal (dom Manuel Clemente), São Tomé e Príncipe (dom Manuel António) e Timor (dom Basilio do Nascimento e dom Alberto Ricardo). Participaram também neste encontro o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Morujão e o padre José Maia, na qualidade de presidente da Fundação Fé e Cooperação, organização a quem foi incumbida a preparação e acompanhamento de todos estes encontros.
Os participantes iniciaram o encontro com uma mensagem cordial e auspiciosa, demonstrando as altas expetativas em relação ao encontro de bispos por parte de outras Igrejas e Confissões Religiosas, bem como das autoridades Civis e das várias comunidades de religiosos e religiosas do Timor Leste.
Veja abaixo, algumas das reflexões e partilhas pastorais produzidas no 10º encontro por um dos secretários da Conferência Episcopal Portuguesa, padre José Maia:
1. Foi especialmente valorizada a realização destes Encontros, atendendo ao testemunho que representam de comunhão e colaboração entre Igrejas que, apesar de todas as vicissitudes do processo de descolonização pelo qual passaram alguns dos seus países, sempre souberam manter vivo um excelente e contagiante espirito de diálogo e cooperação entre si, apesar de reconhecerem que se poderia ter ido um pouco mais longe nalgumas iniciativas de interajuda, sobretudo ao nível da permuta de partilha de experiências e intercâmbio de sacerdotes e/ou leigos, sobretudo no campo da formação nos seminários e no domínio do apoio a uma melhor comunicação social ao serviço da evangelização, sobretudo, através da expansão das rádios.
2. Durante a primeira parte do Encontro, cada Conferência Episcopal descreveu, sumariamente, a situação sócio-religiosa e política do seu país, partilhando com todos acontecimentos e interpelações que cada um considerou deverem merecer esta partilha fraterna e aberta a contributos de Igrejas com experiências comuns na sua ação pastoral. Naturalmente que mereceram um especial destaque, por parte de todos, a situação de confusão política na Guine-Bissau, as eleições em Angola e o momento político de boa colaboração entre o Estado e a Igreja em Timor Leste, após os recentes atos eleitorais.
3. Outra temática que ocupou uma grande parte do tempo e da atenção dos participantes foi o desafio das seitas face à nova evangelização. De acordo com o pedido da Diocese de Timor, o Pe. Manuel Morujão enquadrou este tema com uma oportuna reflexão sobre as seitas: origens, riscos para o nosso trabalho pastoral, mas também oportunidades para a nossa evangelização num mundo em profundas e aceleradas mudanças. Os participantes, em face de testemunhos concretos sobre as características de algumas das seitas, concederam uma redobrada atenção a explicações pormenorizadas por parte das Igrejas onde este fenômeno mais se faz sentir. Pelas informações prestadas, ficou a sensação de que há mesmo uma agenda das designadas ideologias fraturantes que têm uma significativa incidência, designada e nomeadamente, em campanhas contra a natalidade e valores como a Vida, a Liberdade Religiosa e o respeito por elementares direitos humanos, campanhas que, nuns casos, de forma omissa, e, noutros, mais explicitamente, contam com a conivência de alguns Estados.
4. Desta partilha de preocupações concluiu-se que não devemos amedrontar-nos com as seitas nem desistir da nossa ação evangelizadora centrada no primeiro anúncio da Boa Nova, através de uma catequese e de um catecumenato que deem consistência à Fé dos crentes de modo a poderem testemunhá-la através das comunidades organizadas ao estilo das primitivas comunidades cristãs retratadas nos Atos dos Apóstolos. Foi especialmente valorizado o papel do acolhimento e do acompanhamento pessoal e comunitário das nossas comunidades cristãs, assentando nelas o testemunho e o apelo a que, pelas nossas obras, possamos entusiasmar outros pela sua adesão à Família do Povo de Deus.
5. À semelhança de Encontros anteriores, também este X Encontro dedicou grande parte do seu tempo a encontros com Autoridades Políticas e a Celebrações Litúrgicas em várias Comunidades Cristãs, num sinal da valorização concedida ao diálogo entre Igreja e Estados como forma de melhor servirmos os sujeitos e destinatários da nossa ação evangelizadora: as pessoas que, nuns casos, nos procuram e, noutros, estarão à espera de serem abordados por nós, mesmo que, num primeiro momento, se fiquem pelos átrios e praças laicos, mas que, com o tempo e a perseverança, acabarão por ser conquistados pelo amor dAquele que é o Pai Nosso.
6. Foi especialmente festiva a Celebração da Eucaristia na Sé de Dili, presidida por dom Manuel Clemente, Bispo do Porto e concelebrada por todos os Bispos e algumas dezenas de sacerdotes. Numa Sé completamente cheia de fieis, de religiosos e religiosas, aos quais se associaram o Presidente da República, o Primeiro Ministro, vários membros do Governo, foi possível perceber o impacto deste 10º Encontro como expressão da catolicidade e da comunhão entre as Igrejas, representadas pelos seus Bispos.