Hoje, amado, amada de Deus, minha sede tem como pano de fundo outra historinha, contada por dom Pedro Conti, Arcebispo de Macapá – Amapá:
“Há muitos anos um frade foi a uma igreja e fez o seu primeiro sermão. Repetiu-o na segunda semana. Continuou na terceira semana sem mudar uma palavra. A comunidade dos fiéis começou a não gostar. Toda pregação é enjoada por si só, mas aquele homem estava exagerando: repetia sempre as mesmas coisas, palavra por palavra.
Depois do quinto sermão igual aos outros, os fiéis escolheram um representante para ir ter com o frade e protestar: – O que está acontecendo? – questionou o devoto – O senhor tem só um sermão para pregar? – Não – respondeu o frade – tenho muitos outros. – Então, por que está nos cansando sempre com a mesma pregação? O frade pensou um instante, depois disse: – Vocês não fizeram nada. Se não começarem a agir conforme ao meu primeiro sermão, não posso passar ao segundo. Por cinco vezes repeti a mesma coisa e não fizeram nada. Se continuar assim, não vou mudar para o segundo sermão”.
Repetir, amado, amada de Deus, as coisas são cansativas. Enjoa quem repete e quem escuta. Pode virar rotina e nos faz perder o sentido das palavras e dos gestos. Mas dizem os entendidos em educação que a lei da aprendizagem é a repetibilidade: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
Com a parábola do juiz corrupto e da viúva persistente que consegue aborrecê-lo com sua insistência, Jesus quer nos ensinar a nunca desistir da oração. Diz Jesus: “é preciso rezar sempre e nunca desistir”. Jesus não está falando de qualquer insistência e de qualquer pedido. Mas da súplica de quem espera algo de bom e de certo. A viúva pede justiça a quem deveria fazê-la acontecer. Pede incansavelmente para aquele que tem todo o poder e a força de satisfazer o seu pedido. Se até o juiz injusto acaba fazendo a coisa certa, isto é, a justiça, quanto mais o próprio Deus. Ele saberá satisfazer os pedidos dos que o invocam dia e noite. Jesus nos ensina a força da oração, a força da perseverança e a bondade de Deus.”
Quase que o único sermão, amado, amada de Deus, que fiz aqui nesta Diocese de São Raimundo, repetido à exaustão, em diversas circunstâncias e situações, é que nossa Igreja precisa urgentemente entrar em estado permanente de missão e que todos nós que somos discípulos de Jesus, somos igualmente seus missionários.
Você já ouviu, amado, amada de Deus, este meu sermão? E o que fez com o que ouviu?
Um bom dia e fique com Deus!
Por Dom Pedro Brito Guimarães