Um sonho antigo se tornou realidade hoje, 21 de junho, com a inauguração da Capela São Juan Diego na Aldeia Krite, do povo Xerente, localizada em Tocantínia. O evento representa um marco histórico para a Arquidiocese de Palmas, que, em seus 29 anos de existência, celebra a abertura de sua primeira capela dentro de uma das 117 aldeias indígenas da região.
A celebração foi presidida pelo Arcebispo de Palmas, Dom Pedro Brito Guimarães, que expressou grande felicidade por celebrar pela primeira vez em uma capela Xerente em quase 15 anos de missão no Tocantins. Em sua homilia, Dom Pedro agradeceu por este momento histórico e exaltou a beleza da cultura indígena, destacando, em especial, o profundo respeito pelos anciãos e a obediência da comunidade.
Um dos momentos mais tocantes da missa foi a primeira leitura, retirada do livro de Gênesis e realizada na língua nativa da Aldeia. A escolha teve como objetivo principal recordar a todos que “temos o mesmo Criador, nosso ancestral é o próprio Deus. Somos obra de Deus, não de uma fábrica qualquer”, enfatizando a valorização da raiz e da identidade. Dom Pedro reforçou que esta igreja deve servir para nos lembrar que somos filhos de Deus, alertando que pensar “como o mundo” pode nos colocar em conflito com Deus e com nossos irmãos.
O projeto da capela, um desejo desde o início da missão da Arquidiocese na região, simboliza a valorização cultural e espiritual do povo Xerente. Houve uma tentativa de construção anos atrás que não se concretizou, mas a perseverança, especialmente do Padre Martins, que carrega oficialmente esta missão junto aos indígenas, e de outros missionários como Leonardo Sampaio, Irmã Percila e demais religiosos e leigos, tornou o sonho possível. Ao final da celebração, o missionário Leonardo Sampaio fez questão de agradecer a incansável parceria do Padre Martins.
A Capela São Juan Diego está estrategicamente localizada no centro da aldeia, um local que, na cultura Xerente, é dedicado à sabedoria. Essa escolha foi um pedido do Cacique, que viu em Cristo a verdadeira sabedoria. Para garantir a participação de todos os seis clãs e moradores, a capela foi projetada de forma arredondada, seguindo a tradição das aldeias e sendo toda aberta, simbolizando a inclusão.
A construção da capela carrega ainda mais simbolismo: as pedras do altar foram trazidas de um córrego próximo e carregadas nas costas pelos próprios indígenas. Abaixo do altar, como um ato de profunda conexão e fé, foram enterrados os nomes de todos os moradores da Aldeia, guardados dentro de uma garrafa.
Com a inauguração da Capela São Juan Diego, a Arquidiocese de Palmas fortalece seu compromisso com a evangelização e o diálogo intercultural, prometendo expandir essa missão. A próxima capela já está em construção e será erguida na Aldeia Funil.
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