Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas
Vivi longos anos, dos meus muitos anos de vida, sem me dar conta nem me importar com a minha próstata. Devo confessar que nem mesmo sabia o que era nem para que servia a próstata. O câncer me fez cair em mim, saber, temer, tremer e tratar. Não tem problema. Próstata é “coisa” de homem. É a parte integrante do nosso ser, da nossa índole e da nossa especificidade. Lembro-me, de cor, que o Papa Francisco certa vez disse que qualquer coisa ou ser que existe, por menos significante que seja, tem o seu sentido, o seu significado e a sua importância.
Um dia, sem mais nem menos, soube que a minha próstata estava aumentada. E uma biópsia comprovou que dos quatorze fragmentos retirados para análise, dois estavam feridos e machucados. Talvez as expressões não sejam tão exatas para a medicina. Vale o que me vem em mente….!
Sou marinheiro de primeira viagem. Esta é primeira vez que sou hospitalizado e a primeira cirurgia a que serei submetido. Sou principiante e amador neste quesito. Mas eu já havia vaticinado: “eu também estou doente”. Lembra? Não sei se dói, se sangra, se fere e se mata; não sei se choro ou se sorrio, se canto ou se rezo, se paro ou se caminho, se morrerei ou se serei curado; não sei se será de difícil ou de fácil cura e se será célere a recuperação. Deixo isto para os médicos e para a resposta do meu organismo. Só quero que ela se vá e eu fique sadio para terminar de cumprir a minha missão.
Mexer com doença é complicado para quem não é especialista no assunto. Não é para quaisquer curandeiros. É para médico. O odiar e o espraguejar doença não é a melhor atitude. Doença amaldiçoada faz mais mal do que bem. A doença é uma daquelas realidades que precisam ser tratadas com carinho, cuidado, respeito e muito amor. Senão piora. Deus nos livre de doença piorada. Ninguém merece.
Acredito muito que para cada doença há o seu remédio e a sua cura. Neste tempo, sete meses transcorridos, desde que descobri este câncer, muitas pessoas receitaram remédios e me deram conselhos. Alguns, eu os tomei; outros, não. Fazer o quê? Uma receita, no entanto, que muitos me prometeram foi a da oração. Eu também, se puder, rezarei por todos os que rezarem por mim. Uma mão lava a outra.
Acredito muito também no valor das redes sociais para a circulação de bons fluidos. Acredito nas energias positivas para eliminar as toxinas dos patógenos. E, por fim, acredito muito no poder da oração para a circulação da graça e da cura.
Associo-me, hoje, a quantos estão, como eu, se hospitalizando para suas cirurgias. Que o Divino Espírito Santo inspire médicos e enfermeiros para todas as cirurgias, nestes dias. Que São Lucas, o médico de Jesus e de Maria, seja também o nosso médico. E que São Pedro de Alcântara, padroeiro de Floriano, minha diocese de origem, seja nosso intercessor. Assim seja! Até mais e até breve, com saúde e paz!